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EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO

COMO SE DÁ A EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO

Este texto sobre a evolução do espírito, têm por objetivo demonstrar que todos os espíritos criados por Deus, um dia, chegarão à perfeição espiritual, a mesma alcançada por Jesus. Neste sentido, importa dizer que Deus nos criou para a perfeição e para sermos felizes. A Doutrina Espírita dá ao homem essa grande esperança através da sua filosofia espiritualista e eminentemente evolucionista, descortinando-lhe a sua gloriosa destinação reservada pelo Criador. Ao entender essa meta a conquistar com o seu próprio esforço, o homem sente-se plenamente motivado a regenerar-se e transformar-se em um homem de bem.



DETERMINISMO DIVINO

Para demonstrar todo esse processo evolutivo, passaremos aos fundamentos doutrinários fornecidos pela Doutrina Espírita. Comecemos com a expressão Determinismo Divino, significando a vontade soberana do Pai Celestial que criou todos os espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber, segundo a questão 115 de O Livro dos Espíritos.

PRINCÍPIO INTELIGENTE



Para entendermos a questão do Princípio Inteligente, vamos nos valer da pergunta 606 de O Livro dos Espíritos, na qual Allan Kardec indaga de onde tiram os animais esse princípio que constitui a alma de natureza especial de que estão dotados. A resposta dos Espíritos Instrutores a essa pergunta foi a de que as almas dos animais tiram o princípio inteligente do elemento inteligente universal. Em seguida, o Codificador do Espiritismo volta a questionar, no sentido de confirmar o que de fato havia entendido: “Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais? ” A essa indagação responderam afirmativamente os Benfeitores Espirituais: “Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal”. Diante desses esclarecimentos, Allan Kardec, na questão 607, voltou a perguntar por onde passa o Espírito, então, na primeira fase do seu desenvolvimento. A resposta foi a de que o Espírito, na sua fase inicial, passa por uma série de existências que precedem o período a que nós chamamos de humanidade. E, na resposta ao item “a”, ainda da pergunta 607, os Instrutores Espirituais elucidam que “tudo em a natureza se encadeia e tende para a unidade. Nesses seres, cuja totalidade estamos longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, individualiza pouco a pouco, e se ensaia para a vida. E é nesse trabalho preparatório que o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito”.

EXISTÊNCIAS PREPARATÓRIAS



Pelo que se depreende desses ensinos, o princípio inteligente, antes de passar à condição de Espírito, estagia nos reinos inferiores da natureza: Mineral, Vegetal e Animal, adquirindo em cada um desses reinos aprendizado longo e laborioso, constante e contínuo na esteira do tempo. No reino mineral, no qual predomina a rígida lei dos princípios químicos e físicos, o ser divino apenas obedece, pois é nesta fase que incorpora os segredos da Química e da Física. Após longo tempo, o reino vegetal surge como um novo campo de aprendizado, expressando, de um modo mais elaborado, os conhecimentos adquiridos pelo ser, num domínio dos princípios físico-químicos pela inteligência desenvolvida. Há, portanto, a predominância da inteligência sobre os rígidos fenômenos da matéria, apresentando características supramateriais, tal como a capacidade de responder aos estímulos ambientais. No reino animal, há claramente o domínio da inteligência para dirigir os recursos do funcionamento orgânico, quer seja ao nível celular ou sistêmico; o ser dirige a matéria, explorando suas potencialidades e conduzindo suas reações para fins específicos, com objetivos bem elaborados, conduzindo o ser para a condição hominal, resultado do longo aprendizado de forma contínua e interligada, o que chamamos de raciocínio inteligente. Em suma, podemos resumir tudo isso com a expressão do renomado filósofo espírita Léon Denis: “o Espírito dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”.

NIVEL EVOLUTIVO: ESPÍRITO



Ao encarnar em corpos humanos (Reino Hominal), em diversos mundos habitados, o Espírito inicia o processo da conquista do seu progresso intelectual, que, segundo a questão 780 de O Livro dos Espíritos, ocorre antes do progresso moral. Isso acontece porque a moral, sendo a regra do bem proceder, depende da capacidade do espírito de distinguir o que é o bem e o que é o mal. Essa capacidade lhe advém da inteligência, que lhe permite engendrar o seu progresso moral, ao passar pelas provas necessárias ao seu adiantamento, dentro da faixa do Livre Arbítrio que lhe é própria. A extensão dessa faixa em que o espírito transita, melhor dizendo, a liberdade de decidir com relação aos atos de sua existência, será sempre em função do progresso intelectual alcançado, e este, quanto maior, mais aumenta a responsabilidade dos seus atos. A área das provas em que o Espírito realiza a subida rumo à perfeição, começa desde a sua condição de Espírito imperfeito até a de Espírito puro, na qual estão representados os degraus respectivos do progresso intelectual e moral, que deverá subir para chegar à condição de Puro Espírito. É claro que, quando ainda imperfeito, ele pode permanecer estacionário, ou seja, não fazer qualquer esforço para progredir. No entanto, ele não permanece indefinidamente nesse degrau evolutivo, porque o Determinismo Divino funciona qual mola propulsora, impulsionando-o em direção à perfeição. É bom ressaltar também que o espírito não retrograda jamais. Isto é, não retroage do grau de evolução já alcançado, ao contrário do que alguns reencarnacionistas admitem ao esposarem o conceito da metempsicose, ou a hipótese da reencarnação de espíritos humanos em corpos de animais, como punição pelos erros cometidos em anterior existência. Isso negaria a evolução a que está sujeita toda a Criação, ou melhor, o progresso contínuo e ordenado dos seres e dos mundos em todo o Universo. Por outro lado, pode o Espírito no uso do livre-arbitrio ultrapassar o limite estabelecido pelas Leis Divinas e enveredar-se pelo caminho do mal, mas apenas até um certo ponto, pois a Lei do Progresso o faz retornar por esse mesmo caminho, a fim de entender as conseqüências do mal praticado e, com isso, levá-lo ao arrependimento e a respectiva reparação. Dessa maneira, o Espírito, então, retorna ao ponto de onde se afastou, reiniciando a sua marcha em direção à perfeição.

REENCARNAÇÃO E PROGRESSO



Na questão 127 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perguntando aos Instrutores Espirituais se os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais, obteve neste sentido uma resposta afirmativa; porém, o complemento dos referidos Instrutores informa que cada um, utilizando o seu livre-arbítrio, progride mais ou menos rapidamente em inteligência ou moralidade. Sobre isto, o Codificador do Espiritismo comenta que os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso são perfeitos. Não têm, é certo, os maus pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançarem a perfeição. Pelo que está claro nesses esclarecimentos, o Espírito precisa passar pela trajetória das reencarnações sucessivas para progredir, tanto no aspecto intelectual como no moral, utilizando o livre-arbítrio outorgado a ele por Deus. Eis porque Emmanuel, através de Chico Xavier, no livro O Consolador, fala das asas divinas do amor e da sabedoria, com que a alma humana penetrará, um dia, os pórticos sagrados da espiritualidade.

GRAUS DE EVOLUÇÃO



A partir do ponto em que o princípio inteligente se transforma em Espírito, apresentamos, resumidamente, os caracteres gerais das três ordens da escala espírita, conforme o grau de perfeição que ele tenha alcançado, segundo O Livro dos Espíritos.


Espíritos Imperfeitos – A questão 101 informa que eles se caracterizam pela predominância da matéria sobre o Espírito, e propensão para o mal. Além disso, são identificados pela ignorância, orgulho e egoísmo, bem como por todas as paixões que lhes são conseqüentes.


Bons Espíritos – Suas características gerais são, segundo a questão 107, a predominância do Espírito sobre a matéria e o desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais.

Espíritos Puros – Allan Kardec esclarece que eles não têm nenhuma influência da matéria. São portadores de superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens. Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Como eles alcançaram a soma da perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus (questões 112 e 113).


A SÍNTESE NA POESIA



O poeta paraibano Augusto dos Anjos, desencarnado em 1914 na cidade de Leopoldina, Minas Gerais, no poema Evolução, consegue magistralmente sintetizar todo esse estudo que fizemos baseado em O Livro dos Espíritos. A poesia, enviada através da psicografia do médium Francisco Candido Xavier, está publicada na obra Parnaso de Além-Túmulo, cujo teor é o seguinte:


“Se devassássemos os labirintos

Dos eternos princípios embrionários,

A cadeia de impulsos e de instintos,

Rudimentos dos seres planetários;

Tudo o que a poeira cósmica elabora

Em sua atividade interminável,

O anseio da vida, a onda sonora,

Que percorrem o espaço imensurável;

Veríamos o evolver dos elementos,

Das origens às sublimes asceses,

Transformando-se em luz, em sentimentos,

No assombroso prodígio das esteses;

No profundo silêncio dos inermes,

Inferiores e rudimentares,

Nos rochedos, nas plantas e nos vermes,

A mesma luz dos corpos estelares!

É que, dos invisíveis microcosmos,

Ao monólito enorme das idades,

Tudo é clarão da evolução do cosmos,

Imensidade nas imensidades!

Nós já que fomos os germes doutras eras,

Enjaulados no cárcere das lutas;

Viemos do princípio das moneras,

Buscando as perfeições absolutas.”

Gerson Simões Monteiro - Presidente da Rádio Rio de Janeiro.


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